quinta-feira, setembro 10, 2009

Olhar livre

A necessidade de libertarmos nosso olhar dos grilhões que nos aprisionam

Por Titi Vidal

Aprendi muita coisa estudando Astrologia, e tantas outras, atendendo e atuando como Astróloga, Taróloga, Radiestesista. Aprendi, continuo aprendendo e sei que continuarei assim. Tenho notado intensamente que um dos grandes aprendizados que se tem é passar a respeitar as diferenças e, principalmente, não julgar. É incrível a mania que o ser humano tem de julgar. De apontar os dedos para o outro, julgando, criticando, recriminando. Será que ninguém percebe que ao apontar um dedo ao outro apontamos no mínimo 3 para nós mesmos? E mais, será que ninguém percebe que se julgamos também podemos ser julgados? E que ninguém é assim tão superior que possa avaliar, julgar, criticar as outras pessoas? Posso dizer que ao aprender Astrologia, percebemos a realidade do pensamento “cada um é único”. Percebemos que cada pessoa tem suas motivações, sua criação, seus desejos, necessidades, suas fraquezas, desafios e forma de encarar as coisas. Com certeza, ninguém está dentro do outro para saber o que o motiva a fazer isso ou aquilo. É impossível entrar no interior de qualquer outra pessoa e perceber seus reais sentimentos e necessidades, o que causa dor, medo, vontade. Apenas temos como saber o que se passa em nós mesmos, e quando percebemos isso também. Pois é muito comum a falta de consciência em relação às nossas verdadeiras motivações. Isto significa que se geralmente já é difícil darmos conta de nós mesmos, imagine dos outros. E ficar preocupado apenas em julgar o outro, em viver a vida alheia, em apontar o dedo e dizer que nunca faria isso ou aquilo, demanda uma energia! E quem somos nós para fazer isso?! Enfim, na minha humilde visão, devemos cada vez mais buscar o auto conhecimento e o entendimento de que somos diferentes uns dos outros, mas que temos também muito em comum. Isto significa que não temos como saber o que se passa no íntimo das demais pessoas mas que somos todos seres humanos e devemos aprender a compreender e aceitar as igualdades e, principalmente, as diferenças. Quando aceitamos o outro, ainda que sem concordar, sem dúvida vivemos mais felizes, sem tantos desgastes além do que já tendemos a ter. Isto vale para todos nós. Viver mais a própria vida, aceitando a vida dos outros. Sem dúvida muito do que somos, do que fazemos, do que escolhemos também não é aceito ou respeitado pelo outro. Pensando nisso talvez fique mais fácil perceber o quanto também estamos suscetíveis às avaliações e julgamentos alheios. E quem gosta de ser julgado? Pelo contrário. A preocupação com a imagem que passamos, com estarmos sempre “certos” e perfeitos aos olhos do outro costuma ser preocupação freqüente. Com isso, a tendência é vivermos os padrões da nossa família, da nossa sociedade. É comum se viver infeliz ou em uma falsa felicidade apenas pela manutenção daquilo que nos foi programado ou planejado, ignorando que temos essência, alma, vontades e vocações. Seja ao viver um relacionamento infeliz, uma profissão apenas pela segurança, uma amizade pelo status ou qualquer outra coisa assim. E quem disse que isso tudo é seguro? Será que é melhor viver o que achamos ser o mais perfeito, o mais bonito, o mais correto, ou tentar ser de fato feliz? Particularmente voto na última opção. E ser de fato feliz é ser aquilo que somos e aquilo que podemos ser, que nem sempre é o que planejamos inicialmente, ou aquilo que os outros esperam de nós. Costuma ser difícil, inclusive, olhar para quem busca a real felicidade e a verdadeira expressão de si mesmo, pois pessoas assim nos mostram que é possível mudar, que se pode jogar tudo para o alto e ser realmente feliz. E como isso não é fácil, pelo contrário, dá muito trabalho, o mais comum é fugir disso. Mas vale tanto a pena! E isso está diretamente voltado a grande tendência humana a julgar. Porque se não estamos conectados plenamente com aquilo que está em nosso interior, se estamos vivendo sob as máscaras que criamos ou criaram para nós, como é que vamos conseguir respeitar o outro, se não respeitamos nem a nós mesmos? Isto, na minha opinião, vale para todos. Principalmente alguém que se dispõe a lidar com pessoas, a ser um astrólogo, um tarólogo, um terapeuta, um psicólogo, um médico, ou qualquer pessoa que lide diretamente no contato com o outro. Como ajudar alguém, se além de não se ajudar, não consegue enxergar que o outro tem uma essência e suas motivações, sem fazer julgamentos? Para mim isso é impossível. Apenas podemos fazer um bom trabalho ao entender o que está por trás, ou melhor, por dentro do outro. Para se relacionar bem, independente da relação ser profissional, é preciso aceitar o outro como um ser humano cheio de vontades, de fraquezas, de motivações. Já cansei de ver gente julgando o outro, também, pela própria experiência. Esta é outra questão importante a ser trabalhada por nós, tanto para nos relacionarmos bem com todos, principalmente para quem lida diretamente no contato com o outro. Então, se a pessoa teve uma experiência ruim com o pai, por exemplo, tende a achar que todos passam por isso. Ou alguém que tem ou teve um casamento infeliz, tende a achar que todos casamentos são assim. E a realidade é bem distante disso. Afinal, se somos únicos, vivemos também experiências únicas. E precisamos estar abertos para saber o que o outro tem a dizer, porque o outro vive desta ou daquela maneira e se o outro também quer nos ouvir. Como dizem os mais antigos: se conselho fosse bom não se dava, vendia. Pois bem, este é outro ponto. Se julgar e guardar para si já é algo complicado, falar isso então, pode se tornar um grande problema. Por isso a necessidade de cuidar muito bem das palavras, seja um conselho ou opinião que damos a um amigo ou em um atendimento como profissional. As palavras tem um peso e podem magoar, influenciar e fazer muita diferença na vida de uma pessoa. Então, cuidado ao falar o que pensa. Outro cuidado importante é o julgamento às avessas, a imitação. Achar que o outro é que está certo, que está sendo bem sucedido, que está feliz, e querer fazer e ser exatamente do mesmo jeitinho que o outro é. Isto é um grande perigo e algo muito comum. Mas se somos únicos, ao tentar ser o outro não seremos bem nós mesmos e muito menos o outro. Vamos nos lembrar, em qualquer das alternativas, que o que é melhor para um nem sempre é o melhor para o outro. Vamos tentar entender o que é melhor para nós. Ou melhor, quem somos nós de fato e o que podemos fazer para desenvolver este “eu interior” que sempre clama por sair para a vida e aparecer! Vamos aprender a nos aceitar em primeiro lugar. Vamos tentar entender que se algo no outro nos incomoda ou não concordamos com isso, provavelmente isto pega em alguma questão nossa, pessoal. E então vamos aprender a aceitar o outro, e respeitá-lo exatamente do jeito que ele é. Quem sabe um dia conseguimos, então, aprender a nos relacionar melhor e sermos de fato verdadeiramente felizes.